Por volta de
1887, as primeiras famílias de imigrantes italianos penetraram nas matas
virgens, habitadas por índios tupis-guaranis onde se estabeleceram nas linhas
Frei Caneca e, Independência, formando-se assim o núcleo urbano que teve como
nome Monte Vêneto, em homenagem à região de Vêneto na Itália onde eram
procedentes. Aproximadamente 600 famílias se estabeleceram nos lotes rurais
(colônias) que correspondiam de 25 ha. ou 30 ha. As linhas que ainda hoje
demarcam o município são as linhas: Júlio de Castilhos, Júlio de Oliveira, Frei
Caneca, Independência, Brasil, Rio Grande do Sul, Tamandaré, Álvaro Chaves,
Floriano Peixoto, 14 de Julho, Sete de Setembro, Conselheiro Rebouças e Carlos
Gomes.
Bandeira da Itália |
Bandeira da Polônia |
Bandeira da Alemanha |
Imagem de Nossa Senhora da Saúde - Localizada no interior da Igreja Matriz de Cotiporã |
Cooperativa de Lacticínios: Trabalho e Progresso (acervo municipal de turismo e cultura) |
Produtos fabricados no frigoríficos A Sul Americana (Acervo Municipal de Turismo e Cultura) |
Funcionários do frigorífico A Sul Americana (Acervo Municipal de Turismo e Cultura) |
Cooperativa de Aguardente Farroupilha (Acervo Municipal de Turismo e Cultura) |
Irmãs em frente ao Hospital (Acervo Municipal de Turismo e Cultura) |
Atual Hotel Dal Molin |
Povo cotiporanense em frente ao Monte Vêneto Palace (Acervo Municipal de Turismo e Cultura) |
Escola Estadual 1º e 2º Grau Professor Jacintho Silva (Acervo Municipal de Turismo e Cultura) |
As famílias
polonesas foram estabelecidas nos lotes rurais da Linha 14 de Júlio, onde
receberam as piores terras do município, todos eram praticantes da religião
católica. As famílias dos poloneses foram aumentando e também na busca de
terras melhores, migraram para outras regiões do estado. A imigração alemã não
foi tão significativa a respeito de Cotiporã estabeleceram junto aos imigrantes
italianos, na linha Júlio de Castilhos.
Monte Vêneto pertencia a Alfredo
Chaves, conhecida como Veranópolis que era distrito de Lagoa Vermelha.
Foi criada então em dezembro de
1892 a Freguesia de Monte Vêneto, e em 1893 foi nomeado e tomou posse da igreja
Nossa Senhora da Saúde Padre Fortunato Odorizzi (1893-1898), primeiro pároco de
Cotiporã este que fundou e organizou o Curato. Construiu também a primeira e
rudimentar canônica, erguida ao lado da Igreja Matriz.
O frigorífico
A Sul Americana, principal gerador de recursos financeiros com um pequeno
número de operários, produzia presuntos, salames, osso coles, mortadelas, etc.
O Padre Eugênio Medicheschi por questões políticas, já que não se eximia
das mesmas, entregou a administração do Curato ao seu sucessor Padre Giovani
Ginochio. Tal fato ocasionou um certo mal estar na comunidade o então Cura,
Padre Giovani Ginochio (1921-1922) vinha nesse período se empenhando junto ao
arcebispo de Porto Alegre para transformar o Curato em Paróquia, o que
realmente ocorreu em oito de abril de 1921. O Padre Giovani foi depois sucedido
pelo Padre José Chiappa (1923-1926), iniciador da nova casa canônica, e
sucedido pelo Padre David Angelli.
Neste período o então frigorífico considerado o “Pai dos frigoríficos do
Brasil”, A sul Americana em seu crescimento vertiginoso demonstrava sua
potência em números. No ano de 1924 a fábrica possuía mais de 100
funcionários e abatia mensalmente o considerável número de 13.585 suínos e
1.456 bovinos (dados retirados do livro de registros da empresa, conservados
até hoje). A importância da A Sul Americana para a região mereceu a visita do
governador do estado. Em 19 de março de 1929, Sr. Getúlio Vargas comemorou seu
aniversário durante todo dia com a comunidade de Monte Vêneto.
Na ocasião o presidente Sr. Getúlio Vargas autorizou o tiro de guerra
nº320. O potencial da A Sul Americana podia ser visto através da sua
superprodução e exportação, entre os países importadores citam-se a Inglaterra,
Bélgica e países de América do sul.
A economia do então distrito girava entorno do frigorífico A Sul
Americana, os agricultores dedicando-se fortemente a criação de suínos e o
núcleo urbano trabalhando na industrialização desta matéria prima.
Em 1931 David Angelli, construiu a atual torre junto à igreja e a
inaugurou.
Em meio a este crescimento populacional, sentia-se necessidade de haver
um local onde a população pudesse buscar atendimento médico-hospitalar.
Depois dos esforços de um grupo da comunidade liderado por Sr. Guido
Duvina, pelo médico Paulo Panatto, incentivados pelo Pe. David Angelli foi
criado primeira diretoria do hospital, presidida por Sr. Gersino de Souza, e
através de doações da comunidade e um terreno doado pelo Sr. Augusto Mânica, a
construção do hospital foi viabilizada, chamando-se Hospital Nossa Senhora da
Saúde. Em 1934, aconteceu a inauguração, contando a presença de ilustres
convidados como o do Sr. Osvaldo Aranha, representante do governo do Estado.
Em meio a tanto desenvolvimento surgia junto a Sul Americana uma pequena
fábrica de embalagens de madeira do Sr. João Zardo Sobrinho, que originou a
primeira fábrica de esquadrias de madeiras nobres. O conhecido modelo de
janelas aprimorado por João Zardo, inovando com as janelas de correr. Esta
vocação moveleira permanece até hoje produzindo com requinte, atendendo todo o
MERCOSUL.
Nessa mesma década desperta também em Monte Vêneto a vocação para a
ourivesaria, tendo o início com o Sr. Achiles Guindani. Na década de 40 seu
filho Sauro Cipriano Guindani seguia sua vocação e moldava a Indústria e
Comércio de Joias Guindani, posteriormente é acompanhado pelos seus irmãos
Clemente e Ari. Os descendentes da família Guindani, ainda hoje comandam esta
indústria, nacionalmente conhecida.
Em 1935 foi criada a Cooperativa de Aguardente Farroupilha, que reunia
vários fabricantes de cachaça do interior, que traziam seu produto final para a
sede da cooperativa onde era engarrafado e comercializado em toda a região.
Em 1936, Padre
Davi Angelli foi sucedido pelo Padre Bruno Páris (1936-1937), logo Padre
Vitório Lorenzi (1937-1937), este construiu um salão paroquial de madeira, após
tomou posse o Padre Aneto Bogni (1939-1942), o último vigário carlista da
paróquia.
Com uma
população de aproximadamente oito mil habitantes e com o vertiginoso
crescimento econômico, em 31 de março de 1938, o Decreto nº 7199 elevou a
categoria de Vila, o povoado de Monte Vêneto.
Durante a Segunda Guerra Mundial, no
ano de 1939 o Decreto nº 7842 de 20 de junho forçou a comunidade a mudar o nome
de Monte Vêneto para Cotiporã. Que se origina do tupi-guarani, “coti”, que
significa canto, lado, aposento e “porã”, bonito. Seu significado, portanto, é
lugar bonito, região bonita ou moradia bonita, justificado pelas suas belezas
naturais.
Em 1939 com a
extinção do Tiro de Guerra nº 320, os praticantes do esporte futebol, jovens
solteiros herdaram um jogo de camisetas do antigo regimento e estabeleceram a
base pra o Sport Club Juvenil.
Após a mudança de nome para Cotiporã,
o Clero secular recebeu o comando, e perdura até hoje, da Paróquia Nossa
Senhora da Saúde.O primeiro pároco secular foi Padre Rui Lorenzzi (1942-1949).
Em 1941, com a
preocupação com a educação das crianças, foi criado o Grupo Escolar, onde
funcionaram turmas até oficial de 1990. Muito conhecido da década de 40, o
professor José Mauro.
Em 1943 a
sociedade possuidora do hospital Nossa Senhora da Saúde, resolveu doar o mesmo
à Mitra Diocesana de Caxias do Sul, que deveria arcar com as dívidas. A
transição só foi concretizada em 08 de julho de 1944, quando o bispo Dom José
Barea assumiu realmente o compromisso de fazer a casa de saúde funcionar. Em 04
de agosto de 1944 chegaram a Cotiporã acompanhadas pela fundadora Madre Clara
Maria, as Irmãs Franciscanas da Congregação de Nossa Senhora Aparecida, para
trabalhar no hospital a convite do Bispo José Barea. Por mais 50 anos esta
congregação esteve ativa no município de Cotiporã, até o hospital ser arrendado
ao Hospital Tachini de Bento Gonçalves (2001).
Atualmente,
ainda vivem algumas irmãs da Congregação Nossa Senhora Aparecida em uma humilde
casa, onde prestam sua assistência junto aos idosos da comunidade.
Sucedeu o
Padre Rui Lorenzi o Padre João Pedro Meneguzzo (1949-1953).
Na década de
40, por questões administrativas o Frigorífico A Sul Americana atravessou
sucessivas crises, tendo trocado de proprietários por diversas vezes. Por fim A
Sul Americana, tornou-se uma simples filial dos Frigoríficos Nacionais Sul
Brasileiros S. A.
Com um
clima saudável e com grande desenvolvimento, Cotiporã despertou também sua
vocação para o veraneio. Foi na década de 50 que surgiu o atual Hotel Dal
Molin.
Em 1957, não
havendo mais interesse dos Frigoríficos Nacionais Sul Brasileiros S. A. pela
filial de Cotiporã é feito um acordo coletivo, na Justiça do Trabalho com todos
os operários, encerrando as atividades do maior gerador de riquezas do
município de Veranópolis e região.
Cotiporã passou por série crise
econômica, tanto no meio urbano como rural. Muitos migraram para outras
localidades em busca de trabalho. Os que permaneceram no município foram
absorvidos pela Indústria e Comércio de Joias Guindani já alicerçada o
suficiente para suprir a lacuna do A Sul Americana.
O Pe. Olívio
Bertuol (1953-1964), sucessor do Pe. João Pedro, amigo do Governador Leonel
Brisola, construiu em 1958 com ajuda do mesmo, um moderno e grandioso Salão
Paroquial, o Monte Vêneto Palace, projetado com quatro andares, abrigando
cinema, salão de festas e cancha de bochas. Hoje, o cinema cedeu um lugar a um
restaurante e a uma pista de boliche e sede do círculo Operário Cotiporanense.
Sucedeu o Pe.
Olivio Bertuol, o Pe. Fábio Piazza (1964 – 1973), este deu início em todas as
capelas a construção de modernos e espaçosos salões comunitários de alvenaria,
em substituição às acanhadas e velhas sedes sociais de madeira das comunidades
interioranas.
No ano de
1965, os bens do “Pai dos Frigoríficos do Brasil” como era conhecido o “A Sul
Americana”, são vendidos pelos Irmãos Iderich (diretores da S.A.) aos
senhores Olimpio Dal Magro, Lauro Schoeler, Rudi Braz Goerch e Arestides
Severino Zanette. Em 1977 o complexo frigorífico foi comprado pelo Sr.
Adolfo Dal Molin, ficando inativo até 1997 quando a partir desta data,
agrega-se o valor arquitetônico à atividade turística que reinicia no município
hoje importante fator de economia em Cotiporã.
Tomou posse
frente à paróquia Pe. Marcelino Rizzon (1973-1982), este construiu a atual Casa
Canônica e derrubou algumas igrejas sem considerar o valor arquitetônico,
histórico e cultural das mesmas, e dar lugar à novas capelas de pouca beleza
arquitetônica.
Em 1977, a
Escola Estadual que já funcionava em dois prédios, um próprio e outro
cedido pela Indústria e comércio de Joias Guindani, passou a denominar-se
Escola Estadual de 1º Grau Professor Jacintho Silva em homenagem a um professor
que lecionara, em Veranópolis e Fagundes Varela.
Em 10 de abril de 1981 foi fundado
oficialmente o Centro de Tradições Gaúchas Pousada dos Carreteiros com o
intuito de cultuar a tradição e os costumes gaúchos. O CTG Pousada dos Carreteiros já escreveu longa e bela história para os
tradicionalistas de Cotiporã e região.
No seu
primeiro ano à Paróquia Nossa Senhora da Saúde de Cotiporã, Padre Feliz Bridi
(1982-1993), testemunhou a emancipação política desta comunidade. A maioridade
de Cotiporã iniciou em 09 de maio de 1982 quando 89%a população decidiu através
de plebiscito, ser independente. Cotiporã conquistou sua emancipação política.
Foram líderes na emancipação os senhores: Henrique Bregamin, Eraldo Fellini,
Dalmo Luiz Scussel, Victorino Dal Molin, Vilmar da Rosa, Norberto Paludo,
Adolfo Dal Molin, Alfredo Cioffi e Orfeu Merlo, entre outros.
Em 1º de
janeiro de 1983 foi instalado o município de Cotiporã, adotando Legislação
Básica do município mãe, Veranópolis.
Fonte: livro ainda
não publicado, “Cotiporã e sua história”, de autoria do Professor Ambrósio
Giacomini e Dalmo Scussel.
a história que sei sobre o frigorifico A Sul Americana é que foi desapropriada por Getulio Vargas e que foi um golpe...
ResponderExcluirLuciano Della Pasqua
Foi emocionante saber que meu tio avô Gersino de Souza foi o primeiro presidente do hospital Nossa Sra. da Saúde, de Cotiporã. Parabenizo os pesquisadores. Darlou de Souza D'Arisbo - Toledo / PR
ResponderExcluirestou em buaca de documentoa. meu bisavo era jose della pascoa. se tiver alguem com mais informcao pra ajudar. pode me chamar no whata 47991282521
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